sábado, 19 de janeiro de 2013

As cidades Invisíveis - Ítalo Calvino

Esse é um daqueles livros difíceis de escrever sobre.
Talvez porque o segredo não esteja tanto no enredo, mas sim na maestria discursiva do autor.
Sobre Le città invisibili, livro mais conhecido de Calvino, o autor disse:
"Se meu livro As cidades invisíveis continua sendo pra mim aquele em que penso haver dito mais coisas, será talvez porque tenha conseguido concentrar em um único símbolo todas as minhas reflexões, experiências e conjeturas."
E é isso mesmo. É incrível como a descrição de uma cidade pode conter em si tanto simbolismo.
O livro gira em torno das descrições do viajante Marco Polo sobre as cidades que já visitou, a mando do imperador Kublai Khan, que a partir dos relatos deseja construir o império perfeito.
O enredo tem um viés histórico.
Marco Polo viajou durante 30 meses e chegou ao império de Kublai Khan (neto de Gengis Khan), onde atualmente fica Pequim, e lá permaneceu na corte por quase 20 anos.
Ítalo criou a obra imaginando relatos extraordinários do viajante ao imperador.
As 55 cidades descritas têm nome de mulher e aspectos de realismo fantástico (estilo que eu, pessoalmente,  amo).
São enredos de sonho, daqueles que a gente acorda, anota, e passa o dia tentando entender o que o nosso subconsciente tentou dizer com tantas curvas.
Ítalo vestiu suas experiências de curvas, tornou-as mulheres e cidades. E o mais incrível é que essas silhuetas se adaptam às nossas próprias lembranças.
É um livro para se ler devagar, mastigando cada palavra bem devagarzinho, pra ver se não escapa nenhuma cor.
Também é um livro para se ler mil vezes, um descanso de alma que só é entende quem tem paixão por poesia e por encontrar umas verdades aqui e ali, entre as esquinas de palavras e cruzamentos de linguagem.
O vídeo abaixo, As Cidades e o Desejo, anima o conto de uma das cidades, Zobaide. É um vídeo maravilhoso. Muito me espanta a pouca quantidade de views, mas isso já é outro conto.
Leitura essencial, obrigatória e - ah, muito! - deliciosa.


Anotação Randômica:
- Diogo Mainardi ser tradutor de um dos meus livros preferidos é uma mosca na minha sopa, viu...

3 comentários:

jo disse...

A resenha tá bem legal, e o vídeo deu ainda mais vontade de ler.

Ana T. disse...

Este livro é ótimo. Recomento também.

léo disse...

Seu jeito de ver as cosias é muito diferente! Você é muito especial gaby