segunda-feira, 11 de março de 2013

O Grande Gatsby - F. Scott Fitzgerald

Existem livros bons.
Existem livros gostosos de ler.
Existem livros envolventes.
Existem livros que você se apaixona pelas personagens.
Existem livros que você não quer que terminem nunca (e fica na dúvida se devora tudo ou se economiza páginas).
E existem livros que são tudo isso e mais um pouco, como é o caso de O Grande Gatsby, de F. Scott Fitzgerald.
O primeiro pensamento que me vem à mente após terminar a leitura é entender como Fitzgerald não é idolatrado ferozmente fora dos Estados Unidos. Estilo, construção de personagens, enredo.
Tudo se encaixa. Habilidade de Hemingway com suavidade de Cole Porter.
Meu amor por esse livro começou cedo, no dia da compra.
Encontrei o exemplar laranjinha, edição da Penguin, no dia em que realizei meu sonho de conhecer a Shakespeare and Co. em Paris. Encontrei-o no meio daqueles milhões de livros antigos empilhados, ao lado de um Machado de Assis em inglês, enquanto um cliente tocava piano no andar de cima.
Puro fetiche.

O narrador é o comerciante Nick Carraway, ou "old sport". Com o tempo, fica amigo de seu vizinho, o misterioso Jay Gatsby. Gatsby é um milionário (provavelmente um gângster), popular pelas festas glamourosas que oferecia em sua casa em West Egg.
Nick logo descobre que Gatsby não era assim tão vazio. Oferecia as festas na esperança de encontrar por acaso sua amada Daisy, casada há cinco anos com Tom.
Tom é um bígamo preconceituoso, republicano e com um pronto discurso conservador sobre toda e qualquer coisa. A definição de hipócrita no dicionário.
A gente fica torcendo pelo Gatsby, claro, que durante o livro se transforma, de magnata intocável a um apaixonado sensível e vulnerável. Mas como acontece na vida, nem sempre quem inspira o amor está a altura de quem sente.
O conflito entre Gatsby, Tom e Daisy desencadeia uma série de acontecimentos que tirariam todo o gosto do livro se eu contasse.
É uma crítica ferrenha e delicada (o estilo de F. Scott prova que é possível essa combinação) ao "Sonho Americano", que contaminou o mundo todo até hoje.
Cheio de paixão, ingratidão, e sem compromisso com o final Hollywoodiano, trágico.
Como se mostra a vida.

Anotações randômicas:
- Se puder, leia em inglês. Não é uma leitura difícil, pelo contrário. Fitzgerald é um dos poucos autores que sabem ser elegantes com muita facilidade em língua inglesa.
- Deve ser muito difícil traduzir um livro desses. Imagino o tradutor perdendo o sono com a expressão "old sport", se decidindo por "velho companheiro" (como está na versão em português). Com certeza passou o resto da vida imaginando novas soluções. Epitáfio: "Tentei".
- Quem gosta de Christian Grey não conheceu Jay Gatsby.

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