segunda-feira, 27 de maio de 2013

As Palavras Andantes - Eduardo Galeano

Galeano é dos raros poetas que falam tão bem quanto escrevem.
Conheci o autor ao assistir um episódio da série Sangue Latino.
A entrevista é linda de doer, link aqui . Ao contrário do que é escrito na descrição do vídeo, a série é de Eric Nepomuceno, o mesmo que traduz a maioria de seus livros pro português.
Depois de assistir ao documentário, se for como eu, vai sair correndo pra uma livraria pra comprar qualquer coisa do uruguaio.
Mas volta aqui, deixa eu contar mais.
Apesar do apelo emocional do Livro dos Abraços (quantas vezes abro um livro pra ser abraçada?), na prateleira me chamou mais atenção o Palavras Andantes.
A capa é ilustrada pelo inconfundível José Francisco Borges, cordelista celebrado no mundo inteiro (menos em São Paulo). Ceramista, carpinteiro, trabalhador rural, pedreiro e pintor de paredes, J. Borges escreveu e ilustrou cerca de 300 cordéis, expôs suas gravuras e dar palestras no mundo inteiro e é o maior cordelista vivo que se tem notícia.
Mais à frente, no prefácio:
"Visto de perto, ninguém é normal". Galeano com prefácio de Caetano.
Juntei minhas moedas e fui pra casa ansiosa encontrar o Brasil no Uruguai.
O livro, em si, é cheio de Janelas, recheadas de pequenos contos fantásticos e devoráveis em duas tardes.
A primeira janela é sobre o próprio livro, onde o autor explica como foi parar na oficina de Borges em Bezerros, no interior do Nordeste, sobre como surgiu o projeto do livro, e as palavras projetadas que ao cordelista não diziam muito.
Então que Galeano para de dizer e começa a contar (e cantar), e assim o livro flutua, cheio de pequenas histórias que muito lembram a temática fantástica de cordel do nordeste brasileiro.
Galeano, com a ajuda de Borges, reuniu essas palavras andantes num livro bonito e despretensioso pra assim deixá-las voar mais longe.
Sem dono e de todo mundo.

Observações:
- Alguns dos trechos de Palavras Andantes estão também em Livro dos Abraços.
- Entre tantas janelas: sobre as proibições, sobre o adeus, sobre a memória, os ciclos, Palavras Andantes é uma janela pra dentro de cada brasileiro.
- Como disse um comentário no vídeo do documentário, que bom ser contemporânea de Eduardo Galeano.