sábado, 5 de janeiro de 2013

Ernest Hemingway - The Sun Also Rises (O Sol Também Se Levanta)

(antes, queria agradecer à Lori que me emprestou o livro após algumas conversas sobre hemingway, e também dizer que um dia eu devolvo, juro)

Já havia ouvido falar que se tratava de um livro bobo, onde as pessoas apenas bebiam e de alguma maneira tinham grana pra isso. Aquela coisa Manoel Carlos.
Blasfêmia.
O livro começa com uma frase de Gertrude Stein: "You are all a lost generation" (Vocês todos são uma geração perdida).
E assim ficou conhecida a geração de autores americanos vivendo em Paris no período pós Primeira Guerra, começo da Grande Depressão (turminha que ficou famosa por ser retratada no filme Meia Noite em Paris).
O enredo gira ao redor de duas personagens: Lady Brett e Jake Barnes.
Lady Brett é uma mulher linda e especialista em manter homens ao seu redor o tempo todo. Gosto muito da maneira que Hemingway tece a personagem. O mais legal? É descrita como uma mulher andrógina, de cabelos curtos e forte. Yet, "a damned fine-looking woman".
Um dos meus trechos favoritos é a descrição de Lady Brett andando pelo caos da fiesta caótica em Madrid, como se a festa fosse feita em sua homenagem. A narrativa esconde o estilo do autor no ritmo do andar de Lady Brett. Lindo.
É uma personagem apaixonante, mas muitas vezes odiada pela facilidade com que ilude, descarta e mantém os homens ao seu redor, conseguindo tudo o que quer deles, da maneira que lhe convém. Eu, particularmente, adoro. E também vai gostar quem gosta de um mal-feito. Lady Brett representa a tal "imoralidade feminina" em sua face mais adorável.
Jake Barnes é um rapaz educado, rico, inteligente. É ele a linha que segura o livro, que é cercado por personagens caóticas como Lady Brett e o judeu Robert Cohn. Todos alcólatras e precisando desesperadamente de um terapeuta.
Jake parece ser o único homem equilibrado, que todos confiam, e é o fio condutor do livro. Apesar de (também) apaixonado por Lady Brett, Jake tem um pequeno problema: um ferimento de guerra que o tornou impotente. E talvez por isso mesmo mantenha sua sanidade.
Razões pra amar o livro: uma heroína masculina, um herói impotente.
O enredo gira ao redor da viagem que as personagens, entediadas com a rotina de cafés e festas em Paris, decidem fazer até Madrid assistir as touradas e corridas de touros.
Um retrato divertido e melancólico da Lost Generation.

Anotações randômicas sobre o livro:
- Hemingway gosta tanto da palavra "swell" quanto Cole Porter (ou seja, muito);
- Razão pra amar: uma heroína masculina, um herói impotente;
- É.muito.vinho;
- Notei um pouco de anti-semitismo na descrição do Robert, mas talvez isso seja um vício da minha geração politicamente correta;
- Cerveja não resolve nossos problemas existenciais, mas ficar sóbrio também não;
- A Espanha é uma coisa meio bárbara;
- As touradas eram uma desculpa pra espanhol fazer uma festa de vários dias, tipo o Carnaval;
- Ser impotente é foda, mas te mantém nos eixos;
- A Lady Brett não desembolsa um centavo pra nada;
- Toureiros são gatos;
- Gertrude Stein estava certa, e Hemingway sabia muito bem disso.

Se você se interessa pela literatura em língua inglesa da época, é uma obra essencial por ser uma bonita e cruel auto-caricatura da glamourizada Lost Generation.

3 comentários:

Ana disse...

Muito bom, gostei e voltarei!

jo disse...

bem legal

léo disse...

legal!